A VIDA SEXUAL DA MULHER FEIA

Nunca tive vergonha do meu corpo, embora meus dois irmãos achassem que eu deveria ter. Andava apenas de calcinha ou mesmo despida dentro de casa, até meus peitos crescerem tanto que se tornou impossível lavar a louça do almoço sem que eles mergulhassem na pia cheia de detergente.
Foi quando meu pai pediu que minha mãe esclarecesse para mim as diferenças entre meninos e meninas, e então meu busto foi encarcerado para toda a eternidade em grandes sutiãs de lojas de gestantes, para que eu me sentisse mais confortável.
Eu sou aquela que muda o cabelo e sempre fica pior, que sai de roupa nova e ninguém repara, que passa festas inteiras fingindo que dança com os amigos, quando na verdade está dançando sozinha.
A mulher feia não é apenas uma deformação da estética.
A mulher feia é um estado de espírito.

CLAUDIA TAJES

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